Não sei muito bem o que sou
mas sei que baloiço com o vento
Não sei muito bem onde caibo
mas sei que todos os sonhos cabem em mim
Não sei muito bem o que vejo
mas sei que olho até perder de vista
e que beijo devagarinho cada linha de horizonte
Não sei muito bem de que sou feita
mas sei que cada pedaço meu
é pertença tua
e nessa certeza me abraço
e nessa certeza me dispo
e nesse teu infinito caibo
como a lua cabe no céu
E humildemente me curvoperante a fragilidade das coisasperante a inocuidadee a indelével saudadeque sinto quando olho
e te pressinto
ao redor de todas as coisas vivas
E com os olhos rasos de água
te peço
volta!
Sinto-me tão frágil quando não estás
como se a morte me rondasse
e de mim levasse
o melhor que tenho
Voa-me
Alucina-me
entrega-me ao vento
Mostra-me que o céu existe
bem por cima das nossas cabeças
e depois serena-me
com a tua ternura
com essa ternura
que só as tuas mãos têm
com esse silêncio
com que só elas me sabem escrever