terça-feira, 16 de setembro de 2014

Amor
Vinicius de Moraes

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos Fingir que hoje é domingo, vamos ver O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão? Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto? Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol Vamos, amor? Porque excessivamente grave é a vida.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Amor é enigma?

Optar é renunciar. Entregar-se, por exemplo, a um amor é abandonar outros. E, do que se renuncia e abandona, pode provir, depois arrependimento. Afastar-se de um amor, ainda que, opção feita por lúcidas razões, pode gerar, adiante, a frustração pelo que se deixou de viver. Os casos de amor vivem rondados por frustração ou arrependimento. Não o amor, que é íntegro, irrefutável, cristalino e indubitável: mas os amantes seus portadores. Quase sempre o tamanho do amor é maior que o dos amantes. O que cerca as pessoas que se amam é sempre uma teia de limitações que o leva à disjuntiva: frustração ou arrependimento. Ou quem ama se entrega ao sentimento e se atira nos braços do outro para, depois, se arrepender do que abandonou para entregar-se ao amor, ou se afasta, cheio de lucidez, para, adiante, sentir frustração pelo que deixou de viver. Estes estão na categoria assim definida de modo cruel mas lúcido por Goethe: "no amor, ganha quem foge...Ou como disse o grande Orizon Carneiro Muniz: "no amor, é mais forte quem cede". Na juventude tudo isso fica confuso porque esta é uma etapa da vida envolta em uma névoa amorosa que a torna radical na busca da felicidade. O jovem ainda não se defrontou com as terríveis e dilacerantes divisões internas de que é feita a tarefa de viver e amar, aceitando as próprias limitações, confusões, os caminhos paralelos e contraditórios das escolhas, dentro de um todo que, para se harmonizar, precisa viver as divisões, os sofrimentos e os açoites das mentiras e enganos que conduzem as nossas verdades mais profundas. Séculos de repressão do corpo e de identificação do prazer com o pecado ou o proibido fizeram uma espécie de cárie na alma. É um buraco, um vazio, uma impossibilidade viver o que se quer, uma certeza antecipada de que o amor verdadeiro gera ou arrependimento ou frustração. Viver implica, pois, aceitar essa dolorosa e desafiante tarefa: a de enfrentar o amor como a maior das maravilhas e que se nos apresenta sob a forma de enigma. Tudo o que se move dentro do amor está carregado de enigmas. E com o enigma dá-se o seguinte: enfrentá-lo não é resolvê-lo. Mas quando não se o enfrenta, ele (enigma) nos devora. Enfrentar o enigma mesmo sem o deslindar, é aquecer e encantar a vida, é aprender a viver; é amadurecer. Exige trabalho interior penoso, grandeza, equilíbrio e auto-conhecimento. O contrário não é viver. É durar.

Artur da Távola

Minha recaída de hj....passei o dia ouvindo as músicas que vc sempre me mandava...

Parece que o pesadelo não termina...na verdade eu ainda insisto em manter meus radares ligados no ontem, uma baita idiotice....Deveria já ter acordado, passado é passado!!!
Tanta coisa acontecendo, e essa saudade absurda ainda se mantém presente...isso deve ter sido praga, que inferno viver isso.
Dia difícil e delicado, a lua deve estar fora de curso, pois nos últimos dois dias estou nessa agonia sem fim, um desassossego que não passa....
Absurdo, ainda sonho com vc...ainda penso em vc...ainda sinto sua presença....
Sei que um dia vou me acostumar, mas peço a Deus que me ampare, que me dê tão somente a força para me livrar dessa dor, desse sentimento que me suga qualquer sonho, qualquer motivação....
Não...ninguém pode compreender o que sinto, talvez nem aceitar...eu mesma já não aceito, penso ser doença mesmo...Sou anormal!!!
Um ser estranho que sequer consegue se ajustar à própria vida. Que desacerto é esse, não sou capaz de responder...Apenas me sinto desajustada, mas...va bene!!!!
Dia desses a vida dá uma guinada, e quem sabe o tranco me faça acordar, cair na real...
De saco na lua com isso tudo, de bode com essa dor que não passa....

Cher - You haven't seen last of me. Burlesque legendado