quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Que vc entenda...aceite...

“Então, ao invés de dizer-nos que não temos força para continuar, temos de nos mimar, abraçar nossas fraquezas, tornaá-lás em pontos fortes, mobilizar a nossa caminhada e nos prepararmos para a batalha.”
É sempre bom lembraros de Benedetti e suas belas palavras. Palavras cheias de força que nos abraçam e arrepiam, mesmo em distância temporal e física.
“Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,
Enterrar teus medos
Soltar o lastro,
Retomar o vôo.
Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua e teu também o desejo
Porque o tens querido e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor, é certo.
Porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Tirar as trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,
Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o sorriso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e se apossar dos céus.
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio te queime,
Ainda que o medo te morda,
Ainda que o sol ponha e se cale o vento,
Ainda existe fogo na tua alma,
Ainda existe vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um novo começo,
Porque esta é a hora e o melhor momento
Porque não estás sozinho, porque eu te amo.”
Mario Benedetti.
___
Traduzido pela equipe de O Segredo
Existem amores... E existe um amor especial, apenas uma vez em nossas vidas... Este tipo de amor pertence ao Céu, é incondicional e ele será para sempre... Como uma marca cósmica, uma tatuagem na alma, uma infinita lágrima de alegria e um abraço sem fim! O difícil é descobri-lo, discerní-lo, em meio às tempestades do nosso coração.
E mesmo quando as vicissitudes da vida nos impede de viver esse amor, ele esta lá, guardado na alma...
Pois nunca houve ou haverá alguém que ocupe o lugar do ser amado...ninguém que se compare, que ocupe esse lugar especial....

domingo, 5 de novembro de 2017

amo-te assim desta forma natural
Como se fosses parte do meu sangue
Como o rio ama os seus peixes
e o céu as suas estrelas
como o beijo ama os lábios que toca
com ternura
Estou simplesmente a dizer que te amo
sem falsa modéstia
sem rodeios
sem prefixos ou pronomes
de forma clara e simples
ìntegra e completa
como completa é a flor
com seu caule e raiz
Inundo-me de ternura
e solta-se em mim um halo
quando os lábios se entreabrem
para te dizer isto
Amo-te!
E inundo-te de espuma desse mar que adoro
e cubro-te e ilumino-te dessas estrelas
que contemplo
E espero que me entendas na simplicidade
do que afirmo
porque não é fácil viver assim
um amor escondido
e rumá-lo até à raiz do medo e do escuro!

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Se não quiseres não fales!
Não digas nada!
Há tanto de mim em ti
que me respiras
quase sem dares conta
Que fazes ainda desse lado do muro
quando os meus braços te esperam aqui?!
Que beijo evolado é esse que me dás
e não me toca?
Que céu é o teu onde eu não entro
apenas porque temos diferentes tons de azul?
Que canção é essa me cantas
que eu lhe desconheço o refrão?
Se não quiseres não fales!
Não digas nada!
Eu sei que moro aí
do teu lado esquerdo do peito
e não tens como negar
que mesmo não te tendo
eu te preencho por inteiro!
E as tuas noites são as nossas noites!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

- Vais Esquecer-me..? - Não, mas vou fingir que sim. Vou pensar que isto entre nós nunca iria funcionar. Teríamos sido felizes, mas é bom que não acredites. será mais fácil viver assim. No final o “Nunca te esquecerei” é uma maneira suave de ir embora, mas é sempre a dura saudação de quem não fica. E talvez um dia eu não tenha mais certeza de te amar, e a vida, com a sua soberba beleza, não me fará voltar a ficar diante dos teus olhos. Então, serei obrigada a lembrar-me que, apesar de tudo, apesar de toda a confusão, sempre pensei: “Vai correr tudo bem” e não te vou esquecer, porque vou sentir a tua falta. Às vezes, ir embora é a única forma de continuar a ficar juntos. É o poder da memória, o que ninguém nos pode tirar.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Carminho - Contrato de Separação (Nana Caymmi) - ao vivo @ Miranda , Rio...



E olha só...não tem mesmo jeito, mais de 1 hora da manhã e eu sem sono assistindo tv e um jornalista daqui cita a Carminho cantando uma música da Nana Caymmi...entre outras composições brasileiras... em quem eu penso?

Você ganha um doce se adivinhar...

Mesmo depois de tantos anos, quando penso em alguém, só penso em vc...tah bom, isso é verso de música, mas vc se lembra como a gente gostava disso?

Quantas músicas compartilhavamos...

Pois é...a saudade as vezes grita tão alto que me assusta, e olhe que já somos velhas amigas...só não sei se quem surta sou eu ou se é ela que é louca e me assombra...


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

https://youtu.be/-SsuFJqWqnU
https://youtu.be/godztpu6xlA

Algumas músicas serão eternas, pq dizem mais do que poderíamos falar...
Encontro-te sempre escondido
no outro lado de mim
onde a lua é molhada
e o sol não brilha
onde as memórias se acumulam
e inundam o peito
onde as farpas se enterram e sangram
onde o sangue ferve
e a pele exulta
Encontro-te sempre escondido
disfarçado
encolhido
quase com medo de ser
e por todas as vezes que te encontro
lamento ter-te perdido
tentado te arrancar de mim!...


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Procuro um motivo
uma razão
para me teres deixado à porta do teu peito
para me teres impedido de entrar
de singrar livre pelo teu sangue
de ser a resposta à pergunta da tua carne
Procuro um motivo
uma razão
para não fazer parte do teu mundo
para me
teres deixado em pleno mar
esperando a onda que não me traz ao areal
Procuro um motivo
uma razão
para não inundar a tua porta
de folhas de outono
que aos poucos vão deixando a copa das árvores
Mas sei que algures no teu caminho
encontrarás folhas dispersas
que o vento vai fazendo bailar
e num qualquer momento irás lembrar
não da flor que eu fui
mas da perenidade que mantive forte
até que tu decidiste me arrancar da tua árvore
e me soltares no vento da tua rua

domingo, 10 de setembro de 2017

O amor do coração...

O QUE A MEMÓRIA AMA, FICA ETERNO.
"Quando eu era pequena, não entendia o choro solto de minha mãe ao assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro.
O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis.
Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de compreender.
O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano.
É que a memória é contrária ao tempo.
Nós temos pressa, mas é preciso aprender que a memória obedece ao próprio compasso e traz de volta o que realmente importou, eternizando momentos.
Crianças têm o tempo a seu favor e a memória muito recente. Para elas, um filme é só uma animação; uma música, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.
Diante do tempo envelhecemos, os filhos crescem, muita gente se despede.
Porém, para a memória ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis.
Nossos filhos são nossas crianças, os amigos estão perto, nossos pais ainda são nossos heróis.
A frase do título é de Adélia Prado: “O que a memória ama, fica eterno”.
Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente.
Quando nos damos conta, nossos baús secretos_ porque a memória é dada a segredos _ estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.
Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você _ foi a trilha sonora de um amor, embalou os sonhos de uma época ou selou uma amizade verdadeira _ e mesmo que os anos tenham se passado, alguma parte de você se perde no tempo e lembra alguém, um momento ou uma história.
Ao reencontrar Amigos da juventude, do Colégio ,nos esquecemos que somos adultos e voltamos a nos comportar como meninos cheios de inocência, amor e coragem.
Do mesmo modo, perto de nossos pais, seremos sempre “As Crianças”, não importa se já temos 30, 40 ou 50 anos.
Para eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das histórias contadas ao cair da noite… serão sempre recentes, pois têm vocação de eternidade.
Por isso é tão difícil , algumas vezes até impossível despedir-se de um Amor ou alguém especial que por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas.
Dizem que o tempo cura tudo, mas talvez ele só tire a dor do centro das atenções. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na ferida.
Mas aquilo que amamos tem disposição para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando.
Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que nos tocou pode ser facilmente reativado por novos gatilhos _ uma canção cala nossos sentidos; um cheiro nos paralisa lembrando alguém; um sabor nos remete à infância.
Assim também permanecemos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex amores, amigos, irmãos.
E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram."
Algumas lembranças, ficarão em segredo...guardadas em um compartimento estanque de nossos corações e, ainda que calados, ainda que em segredo, estarão lá, vivas...

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

I successi di Massimo Ranieri (25 canzoni)

Tão imposíivel como os teus dedos
é essa a noite que me toca 
e aviva a ferida
Tão impossível quanto noturna
é essa a boca madura 
que te chama sem te ver
e desenha luas na escuridão
Tão impossível como verdadeiro
é esse olhar derradeiro
que alongo e deposito
onde o meu grito
já murchou junto as palavras que me deixaste
Tão lentos foram os teus passos
tão traçados os teus dedos no destino
que escolheste
que nem te detiveste
dois segundos que fossem
para veres que fiquei aqui
à espera de ti
E depois de ti nunca mais a vida foi a mesma!
Não era este o sonho que eu pretendia
e ver assim a cama tão vazia
talvez seja mesmo tudo o que me resta
O mundo continua girando
as flores florindo e murchando
e os pássaros vão e vêm a cada primavera
Mas sem ti
nem o sorriso é mais o que era
E neste tempo todo em que não nos falamos
talvez nos apercebamos
de que de facto há silêncios feitos para serem
partilhados
em beijos
em sorrisos
em abraços
e plantados de novo sem pousio
para que voltem a florir na próxima estação
Penso em ti
e o céu e o inferno
degladiam-se no meu corpo
O quanto somos capazes de amar? Será mesmo que existe uma forma de mensurar o amor ou ele simplesmente é delineado conforme os nossos anseios e quereres? Algumas pitadas de sorte se fazem necessárias? Indo mais a fundo nessas questões, quem está descrevendo o calvário do coração no livro chamado destino?
Querendo congelar instantes, perpetua-se um viver agridoce, que nubla e finca pés e mãos num passado sem sentido. O passado está morto (será?). É um sopro de outrora que não pode ser reconstruído de acordo com caprichos. Segundas chances não foram criadas para pavimentar o terreno gasto, ainda que seja confortável estar de pé sobre o conhecido.
Amores dizem adeus... algumas vezes. E nem por isso devem ser considerados menos. Porque é mais, é muito mais toda vez que o peito inflama, o carinho desabrocha e a vontade de querer bem supera condições sociais de certo e errado, de perto ou longe. O torto no amar é não ser capaz de ser.
A graça e a amplitude deste sentimento tão essencial aos instantes é a possibilidade de caminhar em novas direções. Sem medidas e regras, permitindo a sua transição para novos mares. Para faróis tempestuosos ou tranquilos, mas que signifiquem o permitir estar e não o obrigado a estar.
Pouca sorte, desgraça e outros agouros prevalecem para os presentes no até logo. Erroneamente, entendem o adeus como partida, mas no fundo, ele é o início. Talvez o "Adeus" seja realmente o "Deus cuide de vc, pq eu ainda não posso!"

segunda-feira, 4 de setembro de 2017


Quanto tempo é preciso para alguém se tornar marcante na vida de outro? Um só encontro por acaso é o suficiente? Seis meses? Uma década? Shakespeare disse que escreveu para ser imortal. Os escritores esperam que sua palavra escrita possa ajudar a manter sua lembrança viva, mas os livros podem se perder, as palavras podem ser apagadas, as histórias mudadas. Com todas essas variáveis trabalhando contra você, como é que poderá saber se causou um impacto? A vida seria tão boa se pudéssemos congelar alguns momentos no tempo. Um tempo quando estávamos felizes. Quando sabíamos que éramos amadas. Mas não podemos... E, assim, ao invés disso, nos vemos retraçando pegadas que podem ser levadas pela chuva. Lutamos para lembrar de nossas conexões, mesmo quando o tempo passa uma esponja em nosso passado. E nós nos esforçamos para fazer novas conexões com esperança de que o tempo nos favoreça. E quando a comunicação falhar, as palavras ficarem. Prova de que estivemos por aqui, que fomos importantes, que alguém se importou conosco. No final, o passado pode ser tudo o que teremos. Marin Frist in Men in trees Temporada 2/ ep 7

terça-feira, 16 de maio de 2017

[OFFICIAL VIDEO] Can’t Help Falling in Love – Pentatonix

Passeio a mente por mares bravios
desconhecidos
e a minha boca chama por ti
de um lugar de onde não vens
Sinto como se a voz não tivesse eco
e os meus dedos apenas tocassem
a solidão que se instalou aqui
Então abraço o meu corpo no teu corpo
que não vejo
sereno os olhos nos teus que não sinto
e as palavras soltam-se em cansaços sem fim
como se se arrastassem em ondas altas
Ergo muros de insónias feitas à pressa
e desfilo memórias por ruas nunca dantes navegadas
e chamo-te meu amor
hoje e sempre meu amor...

domingo, 7 de maio de 2017

Deixa te lembrar algo importante...

Admita...
Sei que me renegas com todas as tuas forças
e no entanto procuras-me em cada sopro de vento
que bate nas tuas cortinas
Sei que amas outros corpos e que muito provavelmente
já esqueceste até o cheiro do meu
Mas sei que não me esqueces nas palavras
que tentas calar na tua boca
Sei que te ressuscito a alma a cada lembrança
que ainda te faço tremer as pernas quando me recordas
Sei do teu sorriso e tu sabes do meu
de que cor é o meu sangue e a que sabe a tua saliva
Sei a cor dos teus olhos pousados nos meus
e do desabar da tua fragilidade no meu peito
Sei que me renegas e no entanto não me esqueces
És assim como a chuva que hoje desfolhou todas as papoilas
deixando-as nuas
E eu ....
Eu sou assim um pouco como o vento que sibila
rente aos teus ouvidos e que abana as tuas cortinas
tirando-lhes a majestade
desvirtuando-lhes a brancura ...
....Passo mas não fico ...
...mas nem por isso sou indiferente....

segunda-feira, 1 de maio de 2017


As Distâncias Tão longe, tão perto... Tão perto, tão longe... Somos ou estamos próximos ou distantes? Dependendo do ângulo e da situação, as distâncias mudam. E não se trata apenas de uma questão semântica. Até que ponto distância é separação? Eu posso trazer alguém comigo, permanentemente, na mente e no coração e não ver essa pessoa há anos... Eu posso estar permanentemente ao lado de alguém a quem fisicamente posso tocar, mas que me é emocionalmente distante. Distâncias são curvas e retas que ligam ou desligam, dependendo dos seres envolvidos. Somos todos parceiros numa caminhada comum, que é a vida e muitas vezes, subitamente, nos vemos muito próximos de pessoas, por circunstâncias únicas que podem nos predispor a continuar juntos, como também, por motivos especiais, podemos ser jogados em situações que nos afastem definitivamente de quem julgávamos estar para sempre unidos. Caminhar lado a lado é acertar o passo, mas viver às vezes impõe correr, o que pode nos colocar adiante do outro ou muito atrás... São, enfim, inúmeras as circunstâncias que poderíamos lembrar aqui, para exemplificar uma coisa que, na verdade, é muito simples de entender: estarmos próximos ou distantes de pessoas tem muito mais a ver com sentimentos do que com extensões espaciais e temporais. Afinidades são um elo forte e poderoso que não obedece à lógica da métrica e do espaço. Há pessoas tão especiais em nossa vida que, quando as encontramos, é como se o relógio houvesse parado, como se houvéssemos mantido um longo, silencioso e permanente diálogo com elas, como se nunca as tivéssemos deixado de ver e de tocar!... Assim são os grandes amores e as grandes amizades. Por outro lado, nem a contínua convivência é capaz de vencer os grandes abismos de uma má convivência. Quando esses se estabelecem, é necessário que se ergam pontes à base de muita paciência e boa vontade, numa reconstrução nem sempre possível. Entre dois pontos (seres), um intervalo... Maior ou menor, nulo ou extenso, eis um enorme desafio humano! Quem há de reger a sinfonia de tantos sentimentos conflitados? Nós; sim, nós mesmos. Nenhuma régua ou compasso estranhos terão ingerência sobre tamanhas sensações, ao mesmo tempo que nenhuma vontade alheia a nós também. Trata-se de uma memória emocional, cujo alimento mantém-se oculto ao entendimento. Quando percebemos que a distância não existe para pessoas que se amam de verdade, o mundo se torna menos hostil e mais simples. Porém, elos são anéis de contornos misteriosos. Fiquemos apenas com a certeza reconfortante de que entre dois ou mais pontos, por mais afastados uns dos outros que estejam, pode não existir espaço algum, vácuo algum e nenhum esquecimento. Distâncias são meras metáforas de sentimentos.
Sou uma alma cheia
numa casa vazia
uma trincheira rasa
pungente e sangrenta
ao nivel dos olhos
onde moram os lírios
a que não sentes o perfume
Se me perguntam se é Maio
respondo que a verdadeira beleza das rosas
está nos espinhos
e não nas cor das pétalas
Se me perguntam se gosto de ti
cerro os olhos e olho para o outro lado
para não ter de responder
As pétalas aveludadas gritam nas mãos
de quem as toca
assim como o silêncio faz cama no peito
de onde tu te recusas a sair

sábado, 29 de abril de 2017

CONFISSÃO
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
 Não iludam a ninguém Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
 Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios 
Acho-me relativamente feliz
 Porque nada de exterior me acontece...
 Mas, Em mim, na minha alma, Pressinto que vou ter um terremoto.
Mario Quintana.
AMAR
Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer...
 E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
 e da minha boca fechada nasceram sussurros e
 palavras mudas que te dediquei... 
O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana.

sábado, 22 de abril de 2017

hoje vou sufocar a dor e a mágoa
vou erguer um altar a todos os deuses
tamanho o desespero que tenho
vou dizer baixinho todas as rezas que conheço
vou arrancar-me de mim no apogeu de florir
vou separar a alma do meu corpo
e olhar-me de cima para me entender
vou ser estilhaço, fragmento
fino papiro e unguento
da minha dor
Vou dizer-te tudo o que tenho entalado
na garganta
vou percorrer os trilhos da raiva
e os da esperança
e do fundo do meu desespero
vou gritar-te até que me respondas:
porque arrancas de mim quem mais amo?
porque não me deixas tocar a pele que me criou
que esteve comigo sempre que precisei
porque me queres levar quem me arrepia
porquê eu?
porquê não alguém que não ame ninguém
e logo eu que tenho tão bem querer?
São exíguas e futéis as palavras
grávidas de um qualquer deus
que não o meu
e morrem-me na boca
antes mesmo de as gritar!
tudo o que silentemente grito
é tudo o que eu não te digo!

sexta-feira, 21 de abril de 2017

entra!
Vem devagar!
Deita-te aqui
bem junto de mim
onde é o teu lugar
Fica enquanto puderes
e quiseres
Sabes que te espero!
Hoje e sempre!
E se tiveres de ir
encosta apenas a porta
bem devagar
deixa uma nesga entreaberta
para que possas voltar
não vá o vento roubar-te o lugar!...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Que dizer-te senão isto?!
Que todas as sílabas trazem o teu nome
Que sentir que não isto?!
Que os teus dedos escrevem-me histórias
para adormecer
Que ser-te que não isto?!
Inteira
Rendida
completa
esperando cada outono e cada primavera
que os teus lábios marulhem nos meus!

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Lê-me perscruta-me
como se fosse indecifrável
Como se toda a pele
fosse um verso
à solta na tua boca
como se tudo em mim
fosse imperceptível e voraz
e que ninguém
fosse capaz
de entender!
Que apenas tu
tivesses essa capacidade de ler
nas entrelinhas
de me soletrar com a paixão das palavras
e de me sentir com a alegria
de quem beija a poesia
com o coração fora do peito
como se a mim beijasse...
como se entre nós apenas restasse
o predicado e o sujeito!

terça-feira, 4 de abril de 2017

Fica!
Não digas nada!
Fecha os olhos e fica!
apenas fica!
Há tanto tempo que não te respiro!
Guardei-te no amanhecer das palavras
junto à raiz de todos os sonhos
Perdi-me de mim para te encontrar
e por ti ousei ir mais longe
Agora resta-me respirar as manhãs
que assomam à janela
sem palavras
sem sonhos
sem portas abertas
onde se albergavam pássaros
De mim restam-me as asas
e um sonho enorme por cumprir!
Vem...e fecha a porta atrás de ti!....
Que me perdoem a falta de coragem
as noites sem dormir
a ansiedade da carne
o ranger dos ossos
que me perdoem as palavras
e o meu silêncio
Há um compartimento no meu peito
que não sou capaz de fechar
um patamar que não consigo subir
um degrau que não alcanço
Fico assim...aqui....
com a minha sede e o meu dilúvio

domingo, 26 de março de 2017

Poderia rir com qualquer pessoa
mas escolhi rir contigo
Poderia ter qualquer outra boca
mas escolhi a tua
Poderia desfalecer nos braços de alguem
mas escolhi os teus
sigo ao sabor do travo
que me deixaste na boca
e resgato o cheiro que me sobrou nas mãos
Percorro no instinto todo o silêncio
que me acolhe
e sei que a vida é um lapso
um hiato de tempo que nos escolhe
mas enquanto respirar
e souber escolher
não é uma boca qualquer
mas a tua que escolho
é o teu rosto que perscruto e olho
e é nos teus braços que quero amparo
A vida é curta
mas quero percorrê-la ao teu lado....sempre!

PERHAPS LOVE (Tradução)

sexta-feira, 24 de março de 2017

Este choro silencioso e manso
que mal se vê e se sente
que me molha a face
descontente
que me toca e inunda
como um barco que lento se afunda
em pleno mar
Este choro que não parece
mas que tece
flores azuis nuns olhos
que não são meus
Este choro que é vertigem
que desconheço a origem
mas que me deixa assim
à boca de água
a tantas
milhas de mim
Este choro que mais não é
que raiva, amor e ódio
gotas de cloreto de sódio
tanto que já nem sei
se choro agora
ou se já chorei
por toda uma vida
Sei que me afogo
sem querer
engulo a dor
ninguém precisa de a saber
tão pungente
como se fora um ferro quente
a marcar_me como gado
Estás em todas as lágrimas
em todo o lado
como se um mar imenso
me inundasse
e eu só te tivesse a ti
para lembrar
Quisera eu pertencer-te
de forma tão intrínseca
e indissolúvel
como o céu é das estrelas
o mar dos rochedos
a raiz é da flor
os espinhos são da rosa
Quisera eu ser-te
como tu és em mim
gostares de mim
como eu amo tudo o que vem de ti
até o teu silêncio e a tua crueldade
Mas em vez disso
coloco os olhos ao nivel dos dedos
a alma bem rente à boca
os braços em V tombados sobre o ventre
e desfaço-me em gritos e versos
que tu não sentes nem ouves
e que, por algum motivo
que eu fingo não entender,
jamais te tocam

quarta-feira, 22 de março de 2017

FOI LONGE!
Quando quis ir
e as pernas me falharam
quando senti que o chão
era de aço
e o céu do mais puro chumbo
quando o meu cansaço
não me deixava prosseguir
quando o meu desalento
vinha do fundo
da minha alma
quando senti saudade
e não te tive
quando o céu beijava o mar
e eu ali tão perto
Quando os meus olhos
nada viam
só deserto
quando quis sorrir
mas era meu espectro
de felicidade que via no espelho
Quando quis chamar teu nome
e foi eco que recebi
Quando finalmente percebi
que tinha de ser eu por mim apenas
e mais ninguém
Não mais me importou
onde me sentei
que céu olhei
que palavras dedilhei
no céu da boca
pois independentemente
do caminho traçado
do chão calcorreado
dos passos bons ou maus que dei
meu coração sentiu que tinha chegado
e aí eu parei
Parei de te procurar
e milagres dos milagres
me achei!
Quero o perfume das flores
lavrado nas minhas costas
quero as dúvidas todas
e as respostas
Quero a luz que vem do teu olhar
a tardinha a desmaiar
refém da tua ternura
Quero a tempestade
a ventania
e o prado verde
cercania
da minha cidade
fonte da minha amargura
Quero os versos sem idade
que ao longo de anos compus
quero que em mim recaia a saudade
as sombras e a luz
Quero esse amor louco
que me consome
quero o verbo e o pronome
porque só o sujeito é pouco
e quero meu amor
mais que tudo nessa vida
o teu beijo mel em mim cravado
na hora da despedida
De quantas palavras precisas
para cederes ao apelo dos meus braços?
De quantas luas precisas
para te sentires céu ?
E de quantas fogueiras que te aqueçam a alma?
Quantos ventos terás de enfrentar
até cederes ao remoinho do teu corpo?
E de quantas chamas são feitos os teus versos
que ardem na ponta dos dedos?
Com esses dedos que não me tocas?
Diz-me de que cor é o mar que trazes nos olhos
e o sal que vem em cada beijo que não damos?
Alguém me disse um dia que amar
não implica tristeza nem solidão
mas há um brilho baço em cada olhar nosso
feito de finos fios de desejo e saudade

sexta-feira, 17 de março de 2017

Num dia que não hoje eu dir-te-ia que já te esqueci que não te guardo rancor ou qualquer mágoa Que os meus olhos água estão iguais aos que sempre foram Num dia que não hoje eu dir-te-ia que os pássaros já se deitaram e que as arvores abanam despidas ao vento que há um certo encanto em todo o silêncio e que a saudade dá alento a quem sabe esperar Num dia que não hoje confessar-te-ia as minhas fantasias do que tenho medo as fraquezas e ousadias que coabitam em mim.... Mas hoje que não vislumbro a lua que o céu parece ameaçar chuva e que as janelas não se iluminam de estrelas apenas me ocorre dizer que nenhum dia é igual a outro mas que em todos eles sinto a tua falta!
Foi assim que eu aprendi que tem coisas piores do que ficar sozinha. Poderia não ter amigos. Poderia ser incapaz de lapidar a palavra, ou, tanto pior, eu poderia ser feia...ou burrinha...
Só não pode ser cedo demais ou tarde demais. Agora preciso esperar que o próprio tempo dissipe esse aborto que é o ~ cedo demais ~ .

Nessa hora eu invejo profundamente toda e cada árvore. Elas vivem os invernos da alma com leveza. A tristeza, ela também é parte da vida. Então vou falar uma coisa, dessas que todo mundo sabe mas não tem tem muita coragem de falar em voz alta: precisamos aprender o tempo do triste. Eu e você. Para lembrar que ele também é tempo e, como tudo, passa. Só que eu, eu tenho uma natureza alegre. Ela é pouco tolerante ao tempo do cinza. Uma combinação difícil. Como conciliar forças tão divergentes? Se eu tivesse a natureza dos bambus, me curvaria, quieta, nos dias de vento a esperar passar. Se eu cultivar na alma a natureza de todas as árvores, será que eu consigo aplacar a fúria da pressa?

Porque o tempo, o tempo é tudo o que temos. O tempo das coisas que duram ou das que terminam. Há uma dignidade no fim. E há uma dignidade no tempo dos sentidos, assim como há uma dignidade na tristeza também.
Só assim podemos conviver com nossos erros e acertos ou nossas vidas destruídas: aceitando as coisas com o tempo de cada uma. De frente. No presente. Porque também há uma dignidade no fracasso. E há uma dignidade inclusive no desespero - a mais terrível forma de tristeza. É uma tristeza que não se quer se saber triste nem aceitar o tempo da espera. Mas também é quando a dor do erro descobre que não tem mais o que esperar. Quando não há o que esperar, o tempo aquieta. Paralisa.
Aí você me pergunta: e você?
Eu?
Eu desesperei - enquanto todos encaravam, com horror e espanto, a fragilidade de uma alma incapaz de se render ao tempo das coisas.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Por isso, veja bem, a importância do tempo das coisas, você me entende? Não dá pra acelerar ou deixar pra trás o ritmo dos sentimentos sem se tornar um hipócrita, um cretino ou cínico. Eles, como as coisas, têm o tempo que tem que ter e não dependem mais de mim ou de você ou de ninguém. Mesmo que pareça impossível concentrar no corpo a calma das árvores, o tempo das coisas acontece em nós. Justo em nós, que ficamos sempre perplexos pelas dissonâncias do que nos acontece. Justo em nós, que olhamos assombrados para o nada, nosso destino, nosso fim. Justo em nós, que precisamos transformar em nosso o tempo do outro… - sem jamais esquecer que ele é do outro.
E eu? Eu tenho que aprender a me demorar mais. A me demorar mais em você, nas coisas. Precisamos de mais tempo. Não sou só eu que me perco na duração do instante. É que as palavras - e junto com elas os sentimentos - se encontram e se combinam de forma abrupta na trama dos eventos, eu acho que só para determinar algumas escolhas. Me aconteceu você. Eu aconteci em você. Abortamos. Tempo errado.
Por isso, eu preciso encontrar uma forma de conquistar a impassividade dos pinheiros que sabem de cor a hora de cada pinha. Eu sou sempre antes, sempre cedo demais e, quando eu me dou conta, já é tarde demais. Aí o que me resta é perambular pelas dobras do tempo, quando ele deixa de ser linear, e se dobra em mim, na minha dor, na minha incapacidade em apreender o ritmo do mundo. Nessa hora ele habita o pensamento, ali se vive tudo ao mesmo tempo - nesse espaço impossível - o antes, o depois e o agora. Não importa a ordem. Será que é assim que abandonamos o que já foi sem nos lançarmos, como uma flecha, ao abismo que é o futuro?
O tempo das coisas é eterno. Mesmo que você não esteja mais presente, que tenha decidido ir embora e me deixar aqui, ou mesmo quando a gente decide abandonar tudo e vem aquela ânsia de sair pelo mundo e recomeçar. Também nessa hora o tempo das coisas está lá, pra colocar você no seu devido lugar. E você, quando saiu, deixou em mim o tempo da sua ausência. Nunca o do seu retorno. A volta, ela é sempre mais rápida. Tudo fica mais fácil quando a gente já conhece o caminho. Mas decidir não voltar demanda a bravura e a inocência daqueles que sempre acreditam. Será que a gente ainda poderia se encontrar, sem querer, em uma outra curva do caminho?
Difícil. Eu queria poder decretar uma lei que impedisse que algumas frases fossem compostas. Algumas palavras deveriam ser como elementos químicos, ter naturezas incompatíveis, combinações impossíveis de acontecer, impensáveis. Talvez assim eu conseguisse tornar algumas ações impraticáveis, algumas dessas que eu pratiquei, que você inventou. Elas seriam possibilidades que não existiriam mesmo nos sonhos mais loucos. Mas os sentimentos, assim como as palavras, são elementos complexos, independentes, que se ligam das formas mais estranhas para criar uma dinâmica particular. Eles se tornam mais profundos do que o que se deseja ou se espera deles, num compasso maluco que nos ensina, mais uma vez, a precisão da hora certa.

terça-feira, 14 de março de 2017

Como seria possível para nós, filhos do acaso ou de pais neuróticos, saber a precisão do tempo de cada coisa? Como acertar o tempo certo, com a exatidão da folha, que se recolhe, impassível, na espera de desabrochar com mais beleza? Esse instinto de relógio cuco não me pertence - desses que não atrasam um segundo e vêm com um pássaro impiedoso para não perder uma chance de me lembrar que tudo tem um tempo próprio: o amor, a solidão, o sexo, o riso.
Alguns povos tinham como sagrado esse papo do tempo das coisas, da medida exata, do momento presente. Mais que uma elegia ao equilíbrio, era o culto ao instante. Eles não subestimavam o poder do agora. Admirei. É um exercício para os fortes esse de lembrar de nunca esquecer que tudo pode mudar a qualquer momento. Diante disso, eu especulo: bastaria a demanda correta, um gesto, uma exigência para acertar o passo de cada um na dança da existência, que é sempre rumo ao fim? Seria possível conviver em paz com o que está sempre se esgotando?
Olhar o presente de frente é saber que só ele existe. É viver na finitude, no que escorre pelos dedos. Viver com isso tudo na sua cara exige a franqueza das crianças e dos estúpidos. Porque você vai cair na tentação de esquecer que tudo, absolutamente tudo, acaba. Você, assim como eu, vai se perder nas bobagens do dia a dia ou transformar a agilidade da moça do mercado em uma pedra filosofal capaz de determinar o sucesso ou fracasso da sua existência - e resumir isso tudo apenas numa atitude inadequade e mal direcionada, para não apontar tantos dedos... Porque é perturbador lembrar o tempo todo que tudo, absolutamente tudo, passa.
Menos o tempo das coisas.