sexta-feira, 24 de março de 2017

Este choro silencioso e manso
que mal se vê e se sente
que me molha a face
descontente
que me toca e inunda
como um barco que lento se afunda
em pleno mar
Este choro que não parece
mas que tece
flores azuis nuns olhos
que não são meus
Este choro que é vertigem
que desconheço a origem
mas que me deixa assim
à boca de água
a tantas
milhas de mim
Este choro que mais não é
que raiva, amor e ódio
gotas de cloreto de sódio
tanto que já nem sei
se choro agora
ou se já chorei
por toda uma vida
Sei que me afogo
sem querer
engulo a dor
ninguém precisa de a saber
tão pungente
como se fora um ferro quente
a marcar_me como gado
Estás em todas as lágrimas
em todo o lado
como se um mar imenso
me inundasse
e eu só te tivesse a ti
para lembrar

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