sexta-feira, 17 de março de 2017

Foi assim que eu aprendi que tem coisas piores do que ficar sozinha. Poderia não ter amigos. Poderia ser incapaz de lapidar a palavra, ou, tanto pior, eu poderia ser feia...ou burrinha...
Só não pode ser cedo demais ou tarde demais. Agora preciso esperar que o próprio tempo dissipe esse aborto que é o ~ cedo demais ~ .

Nessa hora eu invejo profundamente toda e cada árvore. Elas vivem os invernos da alma com leveza. A tristeza, ela também é parte da vida. Então vou falar uma coisa, dessas que todo mundo sabe mas não tem tem muita coragem de falar em voz alta: precisamos aprender o tempo do triste. Eu e você. Para lembrar que ele também é tempo e, como tudo, passa. Só que eu, eu tenho uma natureza alegre. Ela é pouco tolerante ao tempo do cinza. Uma combinação difícil. Como conciliar forças tão divergentes? Se eu tivesse a natureza dos bambus, me curvaria, quieta, nos dias de vento a esperar passar. Se eu cultivar na alma a natureza de todas as árvores, será que eu consigo aplacar a fúria da pressa?

Porque o tempo, o tempo é tudo o que temos. O tempo das coisas que duram ou das que terminam. Há uma dignidade no fim. E há uma dignidade no tempo dos sentidos, assim como há uma dignidade na tristeza também.
Só assim podemos conviver com nossos erros e acertos ou nossas vidas destruídas: aceitando as coisas com o tempo de cada uma. De frente. No presente. Porque também há uma dignidade no fracasso. E há uma dignidade inclusive no desespero - a mais terrível forma de tristeza. É uma tristeza que não se quer se saber triste nem aceitar o tempo da espera. Mas também é quando a dor do erro descobre que não tem mais o que esperar. Quando não há o que esperar, o tempo aquieta. Paralisa.
Aí você me pergunta: e você?
Eu?
Eu desesperei - enquanto todos encaravam, com horror e espanto, a fragilidade de uma alma incapaz de se render ao tempo das coisas.

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