quinta-feira, 24 de novembro de 2016




"A mesma pessoa que provoca confusão na nossa mente é a única 
que tem o poder de pôr ordem na nossa alma."

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AMOR, por Carolina Ferraz

(...) "Mas foi um amor, um único amor que veio, cruzou minha vida, tocou a minha alma e ficou marcado em minha pele.Todos nós carregamos conosco uma história. Aquela que só nos atrevemos a lembrar quando, durante a noite no escuro, encostamos nossas cabeças no travesseiro e o silêncio cala fundo. Não importam os anos, certas coisas simplesmente permanecem.Mas então, numa quinta-feira a tarde de um ano qualquer, tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido. Percebemos que amor igual não há e aquela pessoa continua e continuará a ser nossa referência afetiva mais sincera e profunda.Não é doença nem obsessão. Alias não é nada, só amor. Amor dos bons, daqueles que são únicos e maravilhosos, que acontecem poucas vezes na vida das pessoas. Daqueles amores que ficam e que teremos que conviver com ele como algo concreto e parte de nossas vidas.Que alma consegue atravessar a vida sem ter conhecido o amor? E quem sabe ter a sorte de ser correspondido?Que vida vale a pena sem amor?Nenhum sentimento é mais lindo, profundo e transformador que o amor. Só o amor transcende e purifica, enlouquece, cura, invade, permanece, liberta e aprisiona. Quando acontece é um som grave que penetra invade e permanece.Não compliquem e nem elaborem o sentimento mais incrível e poderoso de todos. Permitam que ele chegue e se instale.Pois o resto são bobagens, meninos. Bobagens.”

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Resultado de imagem para solidão
Se você está lendo isso agora, já deve saber que não, eu não morri sem você. Foi quase. Cheguei o mais perto que pude de um caminho sem volta, mas voltei. Cheguei quase ao ponto de não poder continuar, mas continuei. Porque antes de você, outros me ensinaram que na manhã seguinte posso estar caída, mas na semana adiante, estarei melhor e na semana seguinte, estarei de pé. Sou dessas. Do tipo que se levanta.
E terei meus pés fincados na terra, como uma bandeira em um país que se conquista, uma guerra que se vence, uma dor que dissipa. Algo me diz que fará bem pro seu ego saber que eu chorei. Às vezes, no meio do dia, no hábito do nada, eu choro pensando se a culpa é minha. E eu a levo, pequena, delicada, como um bebê nos braços, por anos. Aquela culpa tardia que me acompanha nada mais é que a falta velada de você.
Carrego-a até entender que na guerra e no amor todos conhecem as regras – sobreviver. Por isso escrevo, não pra destrinchar minha dor em mil partes, não diante de você. Escrevo pra contar que você não tem culpa nenhuma afinal. No fundo, eu sempre soube quem você era. Talvez em algum momento eu também tenha amado isso, esse seu jeito de ver a vida, mesmo que depois ele tenha se virado contra mim. Não há culpados. Alforrie-se também.
Dia desses, sonhei com vc se casando, e chorando eu corri. Sabe-se lá o motivo. Na verdade, corri feito uma doida. Agarrada com a bolsa frente ao peito, como que tentando guardar meu coração dentro nela. Entendo o desespero...saber que vc me apagara tão completamente de sua vida doeu horrores....  Você sempre me destemperou um pouco. Mas acostumar meus olhos a não ver-te criou isso, uma falta de costume de te ver. Também estou escrevendo pra dizer que não fugirei mais. Ainda que olhar nos seus olhos cause uma dor infinda. Serei apenas grata enquanto te olho.
Grata inclusive pela dor que me causa. Porque me recompor, me reconstruir noite  após noite, mostra como amar é inexplicavelmente bom. Porque no fundo não sei se é sua falta que dói, mas a falta dele, do amor. Amor que nem você, nem eu mesma pude me dar. Mas, como você pode ver, isso também pode mudar.... Não, ficar sem você não me matou.  Acho que fiquei  um pouco amarga, mas não perdi a fé, ganhei uns quilos, talvez pra compensar o amor perdido. Aprendi também que os erros são aceitáveis quando o que a gente vive é ensaio. E todo ensaio é sinal de que algo grandioso e real ainda está por vir. Fique bem. Eu estou tentando...

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Valse

Há um lugar onde a minha calma mora, encostada na insistência de uma arvore antiga. Há um lugar onde as tempestades não me encostam e os medos não me podem encontrar. Há um lugar, à beira das águas mansas das lembranças, onde também descansam todos os meus sonhos de futuro contigo. Quando sou, a mais antiga das arvores antigas, você se faz sombra e fica comigo, indicando-me as horas, guiando-me para a luz.
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Há um lugar onde a minha alma brota, onde a minha fé aflora diante dos primeiros raios de luz. Há um lugar em que minha atenção difusa, minhas palavras confusas e minha memória pouca, não fazem diferença alguma. Basta que eu seja, basta que eu esteja ali e, logo, você também está comigo, dançando lento à minha volta.
Há um lugar em que meus pensamentos te trazem de volta, em que a minha saudade te chama baixinho, em que penso em você e no instante seguinte, comigo está. Há um lugar, em que você se demora, em que suas histórias nunca terminam. Há um lugar em que sou só sua e não há conflito nisso. Nem de tempo, nem de existir, eu sou sua e só isso. Há um lugar em que existo para testemunhar você existir diante do meu olhar entardecido.
E nem o vento apaga a sombra tranquila, e nem a chuva dilui a sombra tranquila e nem a noite escura te apaga de mim. Quando estou mais perdida, quando estou com mais medo, quando todos os zumbidos da noite vêm me dizer, quando eu, o mais antiga das arvores antigas, pareço-me também o mais sozinha dos sozinhas, é justo nessa hora que você me abraça por inteiro.

sábado, 5 de novembro de 2016

Attraversiamo

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Há uma chave que abre uma porta. Alguns conseguem pegar a chave, girá-la na fechadura e abrir. Outros conseguem se aproximar da porta segurando a chave, mas não encontram a fechadura. Um grupo maior enxerga a chave e a porta, mas não consegue segurá-la ainda.
O mais lindo dessa antiga história que me contaram é que os antigos acreditavam que diante de todas essas possibilidades, saber que a chave existe já é um grande presente. A chave é amor, a porta é seu coração, entrada de sua alma.
É nisso que penso, em dias como o de hoje. Em que sinto saudade de quem amei, em que penso que às vezes poderia ter me esforçado mais para girar a chave, me dedicado mais para aprender a segurá-la, como uma criança de poucas semanas fazendo descobertas através de uma repetição delicada.
E assim, quando olho meu coração daqui de fora, quando olho atentamente em outros olhares esperando um reconhecimento mais antigo de volta, aguardando um sorriso gracioso que me ilumine como os céus de todas as cidades em que já vivi, meus medos me tomam.
E assim eu aguardo em delicadeza e repito essa prece interna de crer que alguém tenha sido mesmo  minha chave e tenha tido a candura diante dos meus medos e me ensinado um caminho terno e eterno até a paz que eu sei que existe em mim, quando estive com ele.
Há uma chave que abre uma porta. Alguns conseguem pegá-la, outros girá-la, outros aguardam calmamente na certeza serena de que ela simplesmente existe.

....ou existiu!


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Ninguém telefona mais pra gente na era dos aplicativos. Mas, estranhamente, essa semana meu telefone tocou. Lara toda feliz do outro lado. Acho que ela é a única que ainda liga para as pessoas – Tô namorando! – empolgada.
Jura? Me conta dele – silêncio – Ah, ele é advogado – silêncio – Sei… Mas me conta como ele é – silêncio – Ele é bonitão, assim, alto – silêncio – Lara, eu quero saber como ele é, o que ele gosta de fazer, o que vocês fazem juntos, quero saber por que ele te faz feliz – silêncio.
Lara não sabia como responder àquilo. Claro, ela poderia fazer um perfil psicológico dele: calmo, educado, focado, inteligente. Esse não era o problema. Minha amiga não sabia responder por que ele a fazia feliz ou se ele a fazia feliz. Em resumo, Lara é mais uma que não sabe por que ama quem ama. E isso lança uma névoa espessa no ar – Ama mesmo? Ou você ama a ideia de amá-lo? Muita gente não percebe, mas há um universo inteiro de distância entre esses dois sentimentos.
Você ama estar com ele ou ama ter alguém com quem estar? Você tem medo de se imaginar no futuro sem ele ou tem medo de se imaginar no futuro sozinha? A voz dele te reconforta ou só preenche o silêncio da casa? O beijo dele te inunda a alma ou só rouba o ar? Talvez, na pressa de ser feliz, você não tenha parado pra pensar.
Melhor mal acompanhada que sozinha? Um dia o medo passa; os olhares que te olham de fora cegam; as opiniões que te acompanham, calam-se; e tudo o que lhe restará é a sombra remanescente das escolhas que fez. Quando a gente se agarra a alguém pelo simples medo de ficar sozinho, sozinhos somos duas vezes.
E tantas foram as tentativas...e então a sua ultima frase...meu choro dolorido, minha esperança se agarrando aos teus passos...Já sem forças... Como desistindo de tocar uma nuvem, tocando mais forte e depois mais leve para ir se acostumando a esquecer, a se distanciar do que mora por dentro. Último olhar. Guardando todas as cores que ainda é possível, porque enxergar é diferente quando te ver se torna impossível. Dois tons a menos, seis graus de miopia. Quem dera eu jamais enxergasse o que vi em você.
Último choro.  Derramo também sobre a terra meus sonhos. Os lugares que quis te mostrar, as noites que pensei que teria, os dias que ansiavam os pedidos. Choro por sua falta, pela casa que sonhamos, pelo filho que teríamos, pela mulher que eu me tornaria te amando. Última saudade, como uma parte sem medida se desfarelando.
Último momento. E já estou mais miúda, mais fraca
, mais covarde. As vozes repetiram três vezes que me deixasse, sem nem mesmo ter visto uma vez como te olho. Então sou eu quem me deixo, sou eu que me largo, sou eu quem me esqueço, como único modo. Despedir-me de você nunca esteve nos meus planos. Agora todas as canções que ouço falam sobre despedidas.
Houve um tempo em que eu chorava todas as noites. Houve um tempo em que eu pensava mais em você do que em mim. Houve um tempo em que meu medo me impedia de ir buscar o ar. Houve um tempo em que eu não via nada além da sua ira disfarçada de cuidado. Houve um tempo em que eu seguia seus passos como que desejando que você tropeçasse em mim. Houve um tempo em que eu te amei e nem mesmo me lembro direito o motivo.
Houve um tempo em que eu te desejava nos meus sonhos. Houve um tempo em que me sentia culpada por não sermos mais felizes. Houve um tempo em que eu fui infantil porque achei que seria a melhor forma de alcançar seus cuidados. Houve um tempo em que eu fui distante esperando quer você notasse. Houve um tempo em que tudo o que eu fazia tinha sua aprovação como fim. Fim também disso.
Houve um tempo em que meus dedos te buscavam enquanto você dormia, esperando que algo no seu inconsciente ainda desejasse o calor de mim. Houve um tempo em que eu te pedia um beijo como quem pede que uma rosa brote num jardim infértil. Houve um tempo em que eu achei que a distância nos traria saudade, mas isso só me trazia mais distâncias.
Houve um tempo em que eu pensei que eu fosse o problema. Tentei mudar meu humor, meus modos, meu corpo, meus cabelos, mas nada parecia mudar à nossa volta. Em outro tempo pensei que podia mudar-te, num esforço tão eficiente quanto carregar a areia e a água do mar, ambas juntas entre os dedos.
 Houve um tempo em que tive raiva, mas isso também não ficou. Hoje lhe guardo a candura e o cuidado de alguém que amei de todas as formas possíveis até entender que há um tipo de amor que não pede amor em troca. Hoje sou seu pai, sua mãe, sua filha, sua melhor amiga. Sou uma alma antiga que voltou sentindo saudade.Sou aquela que te ama...sem nada mais esperar, ainda que minha espera seja o que de mais profundo exista no verbo esperançar...