segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Valse

Há um lugar onde a minha calma mora, encostada na insistência de uma arvore antiga. Há um lugar onde as tempestades não me encostam e os medos não me podem encontrar. Há um lugar, à beira das águas mansas das lembranças, onde também descansam todos os meus sonhos de futuro contigo. Quando sou, a mais antiga das arvores antigas, você se faz sombra e fica comigo, indicando-me as horas, guiando-me para a luz.
Resultado de imagem para casal saudade
Há um lugar onde a minha alma brota, onde a minha fé aflora diante dos primeiros raios de luz. Há um lugar em que minha atenção difusa, minhas palavras confusas e minha memória pouca, não fazem diferença alguma. Basta que eu seja, basta que eu esteja ali e, logo, você também está comigo, dançando lento à minha volta.
Há um lugar em que meus pensamentos te trazem de volta, em que a minha saudade te chama baixinho, em que penso em você e no instante seguinte, comigo está. Há um lugar, em que você se demora, em que suas histórias nunca terminam. Há um lugar em que sou só sua e não há conflito nisso. Nem de tempo, nem de existir, eu sou sua e só isso. Há um lugar em que existo para testemunhar você existir diante do meu olhar entardecido.
E nem o vento apaga a sombra tranquila, e nem a chuva dilui a sombra tranquila e nem a noite escura te apaga de mim. Quando estou mais perdida, quando estou com mais medo, quando todos os zumbidos da noite vêm me dizer, quando eu, o mais antiga das arvores antigas, pareço-me também o mais sozinha dos sozinhas, é justo nessa hora que você me abraça por inteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário