quarta-feira, 7 de dezembro de 2016


Calma, o que você vê em mim é calma e não desespero. Somente a calma, bruta e intacta dos vulcões dormentes. Há uma doçura inexplicável em esperar teu tempo, um certo consentimento, uma contemplação das suas horas se desdobrando vagarosamente. Eu estou mais presente, silente, do que muitos dos falantes, tão preenchidos da ausência de sentido.

À minha volta, paixões se assentam

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como lava que abraça as montanhas com o passar dos tempos. Que culpa tenho, se seu barulho interno não o permite ouvir, se sua pirotecnia não te deixa ver, se sou do tipo que sorri com discrição, mas só quando é verdadeiro? Sou uma explosão inversa, de silêncios que dizem, de toques que entregam, entrelinhas que não margeiam.
E enquanto o mundo se estilhaça, se mistura, se perde, se confunde, turbulento, eu tenho calma. Acusam-me de ser tudo o que não sou – Blasé, letárgica, apática! – E quanto mais me definem, menos estou presente. Acusem-me de tudo, menos de letargia. Que por dentro meu mundo é todo inteiro movimento.
Para me enxergar é preciso esperar que as cinzas durmam e que as pálpebras das chamas pesem e pesem, lentamente, como a ardência que desiste aos poucos de ser fúria, ser vulcão. Não me equacione, nem me reduza. Não se trata da ânsia de te ter por inteiro, nem do meu vício de ser sozinha. Meu amor é calmo e silencioso como os dois segundos que antecedem uma explosão.

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