terça-feira, 14 de março de 2017


O tempo que me habita não é o tempo das coisas. As coisas, elas têm um tempo próprio. Elas começam e acabam e transformam a gente nesse durante, num ritmo que é delas - e isso aí vira o nosso tempo. Mas as coisas, elas são como as estações do ano. Por exemplo, eu me pergunto como as árvores conseguem superar os invernos. Você não? Você nunca se espanta? Olhando pra elas lá, firmes, imperiosas, isoladas, nuas?
Admiro a paciência do carvalho. A impassividade dos pinheiros. Elas têm a compreensão profunda da hora certa, a paciência da espera para as coisas com hora marcada. É que as árvores vivem a eternidade do tempo certo. Elas não têm nem antes nem depois: são somente o agora.
Já eu… eu não. Ao contrário de mim, as árvores não têm vontade. Você já viu uma árvore ansiosa? Uma árvore em crise de pânico?

sábado, 11 de março de 2017

Onde a serenidade encontra a ternura
onde os dedos vasculham as notas
onde a pele encosta noutra pele
onde um abraço pede outro de volta
onde um suspiro encontra colo
onde a rendição é um acto de coragem
onde a tua mão conflui como um rio
na concha do meu corpo
onde as coisas minhas e tuas se misturam
até não sabermos mais quem somos
onde eu te amo
e tu também...
--é aí que quero estar...
onde todos os timbres são melodias!
Nenhuma palavra te toca, eu sei!
Mas mesmo assim continuo a escrever-te
como se cada letra te beijasse
Quando todo o resto
tiver desaparecido
que sobrem as flores
para nos lembrar
que poderíamos ter sido
tudo aquilo a que nos propusemos
mas que escolhemos
baixar os braços e deixar que o tempo
galgasse em cima de nós
e nos apagasse essa vontade certinha
e miúda
sempre crescente
que tínhamos um do outro
Que faço eu com a nossa história?
Com os sorrisos que demos
as juras que fizemos
os olhares cruzados
Guardo ou deito fora?
Que faço eu com o toque d'alma
que grita cá dentro
com esse crescendo
em forma de grito
com esse lamento
sob a ponta do véu
com esse pedaço de céu
que chamávamos de nosso?
Que faço eu com esse fosso
que virou minha boca
onde tudo é eco sem resposta?
Que faço eu com o vento que passa
bem perto da minha porta?
Que faço eu com o que me sobroude mim mesma?
Que faço eu com esse arsenal de sonhos
que sequer tiveram a chance de vingar?
Em que pensas tu agora
que o sol se foi?
que já nada te aquece
a não ser o sangue que te corre nas veias?
Em quem pensas tu agora
que já cuidaste do teu jardim
e alimentaste os peixes
que já pousaste o olhar no mar
e viste que está maré cheia?
Em quem pensas tu agora
que o mar não te devolve o eco
do teu próprio silêncio
e escondes a custo a lágrima
que teima em abandonar-te os olhos?
Em quem pensas tu agora
que sou apenas uma lembrança
que tiras e guardas do teu baú de memórias
que sou uma seta cravada no teu peito
onde de quando em vez levas a mão
para ver se ainda sangra?
Em quem pensas tu agora
que a noite chega com todas as sombras
e eu me passeio por dentro da tua carne
mesmo quando tentas arrancar-me de ti?!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Carrego no peito e na alma...

De ti guardo pérolas de saudade
num corpo que ainda 
hoje e sempre
é só teu
como se me faltasse idade
para entender a noite
para aceitar o breu


Apesar da descrença de alguns...da hipocrisia de outros e da inveja de outros tantos....apesar da maldade que nos afetou tão profundamente, machucando e instaurando o caos...o amor ainda impera. Este amor meu bem, ainda é o que tenho de mais precioso!!!






                                                 O que está no coração não precisa de agendas, porque não esquecemos!                                                                                    O que a "memória ama", torna-se eterno!