quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Fogo puro...

Vai ver é justamente por esse motivo que meu amor existe...


Confesso que ao longo da vida, em muitos momentos, desejei ter uma personalidade mais banho-maria. Ser dessas pessoas que estão na vida a passeio, que caminham pela face da terra sem muitas pretensões. Quantas vezes prometi a mim mesma: da próxima vez, vou pegar mais leve, não vou entrar de cabeça. A próxima vez veio, mas nunca consegui cumprir o prometido. Então, depois de um tempo, percebi que no meu vocabulário não havia a palavra morno. Quando menos esperava lá estava eu, sendo eu: fogo!
Sou dessa gente que muda com as fases da lua. Dessa gente que não sabe ser morna em nenhuma circunstância da vida. Sou dessa gente intensa desde o dia do nascimento. Vai dizer que é fácil ser assim? Não é. Gente como eu toma choque com a própria intensidade. Mas às vezes, ilumina os caminhos das pessoas também.
Somos, naturalmente, inquietos. Raquel de Queiroz dizia que o coração dos jovens é inquieto porque não sabe o que quer, ou quer demais. Conheço pessoas velhas que se mantêm assim, trazem em si uma curiosidade pela vida que nunca acaba. Muitas delas ainda não sabem exatamente o que querem, aos 90. Acho isso bonito! Se você descobre o que quer cedo demais, acaba perdendo a curiosidade.
Mas sinceramente, acho que algumas pessoas poderiam ter curiosidade com qualidade, porém...como saber sem experimentar, neh?

E se for para amar, que seja infinito enquanto dure. Vinícius de Moraes está entre as pessoas mais intensas do mundo. Casou-se nove vezes porque queria sentir-se sempre apaixonado. Eu, por minha vez, achei que (quase) todos os amores durariam para sempre. Não sei entrar em nada achando que vai acabar à meia noite, nunca gostei de relacionamentos que não tinham sequer a esperança de ver o dia amanhecer. Amor sem um bom café da manhã vale de quê? Ah, essas pessoas feitas de fogo. Por vezes aquecem, acalentam, aconchegam. Por vezes, queimam. Somos excessos ambulantes.
Não nasci para ser morna. Felizmente ou infelizmente, não sei. Tenho que trabalhar com o que amo, senão morro. Estar rodeada de amigos, senão seco. Fazer poesia, senão sufoco. Tenho a insistente sensação de que preciso deixar alguma coisa para os que vierem depois de mim, nem que seja o eco das palavras que um dia eu disse. Ou escrevi.
Quero gargalhadas intermináveis. Altas! A única coisa que consigo conter nessa vida é o espirro porque me ensinaram a espirrar com classe quando era criança. Mas tenho inveja de pessoas que espirram com vontade, para fora! Dá vontade de espirrar junto. Parece tão bom, um alívio. Para mim, a vida é meio assim, precisa ser colocada para fora, vivida, saboreada. Até porque, quando menos se espera, passa. Simples assim, feito espirro...


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