sábado, 11 de março de 2017

Nenhuma palavra te toca, eu sei!
Mas mesmo assim continuo a escrever-te
como se cada letra te beijasse
Quando todo o resto
tiver desaparecido
que sobrem as flores
para nos lembrar
que poderíamos ter sido
tudo aquilo a que nos propusemos
mas que escolhemos
baixar os braços e deixar que o tempo
galgasse em cima de nós
e nos apagasse essa vontade certinha
e miúda
sempre crescente
que tínhamos um do outro
Que faço eu com a nossa história?
Com os sorrisos que demos
as juras que fizemos
os olhares cruzados
Guardo ou deito fora?
Que faço eu com o toque d'alma
que grita cá dentro
com esse crescendo
em forma de grito
com esse lamento
sob a ponta do véu
com esse pedaço de céu
que chamávamos de nosso?
Que faço eu com esse fosso
que virou minha boca
onde tudo é eco sem resposta?
Que faço eu com o vento que passa
bem perto da minha porta?
Que faço eu com o que me sobroude mim mesma?
Que faço eu com esse arsenal de sonhos
que sequer tiveram a chance de vingar?
Em que pensas tu agora
que o sol se foi?
que já nada te aquece
a não ser o sangue que te corre nas veias?
Em quem pensas tu agora
que já cuidaste do teu jardim
e alimentaste os peixes
que já pousaste o olhar no mar
e viste que está maré cheia?
Em quem pensas tu agora
que o mar não te devolve o eco
do teu próprio silêncio
e escondes a custo a lágrima
que teima em abandonar-te os olhos?
Em quem pensas tu agora
que sou apenas uma lembrança
que tiras e guardas do teu baú de memórias
que sou uma seta cravada no teu peito
onde de quando em vez levas a mão
para ver se ainda sangra?
Em quem pensas tu agora
que a noite chega com todas as sombras
e eu me passeio por dentro da tua carne
mesmo quando tentas arrancar-me de ti?!

segunda-feira, 6 de março de 2017

Carrego no peito e na alma...

De ti guardo pérolas de saudade
num corpo que ainda 
hoje e sempre
é só teu
como se me faltasse idade
para entender a noite
para aceitar o breu


Apesar da descrença de alguns...da hipocrisia de outros e da inveja de outros tantos....apesar da maldade que nos afetou tão profundamente, machucando e instaurando o caos...o amor ainda impera. Este amor meu bem, ainda é o que tenho de mais precioso!!!






                                                 O que está no coração não precisa de agendas, porque não esquecemos!                                                                                    O que a "memória ama", torna-se eterno!
Estou onde me perdeste! 
A tapar a tua ausência
com o cheiro das flores
a mascarar o sorriso
e a contornar o fogo
a debitar palavras sem nexo
só para não morrer muda
e sem esperança
Estou na face contrária onde o sol bate
de costas para o mar
e onde todos os negrumes se avolumam
mudo de cor conforme muda o vento
mas continuo estúpida e
imperceptivelmente em busca da tua carne
em busca do teu rasto

Estou onde me perdeste!
no mesmo lugar de sempre
onde cresce a relva
e se demora a lua
Por ti desbravei caminhos                                         andei descalça
semeei ventos e tempestades

Por ti reneguei amores
amanheci noites enfermas no meu regaço
espantei o frio
e fui deserto
Por ti semeei trigo em pleno inverno
e deixei que as rosas me morressem nas mãos
sem sequer lhes sentir a beleza
ou o perfume
Por ti fui mais além
e achei que ainda era pouco
tornei-te em mim inesquecível
e bebi da tua pele
Por ti senti-me proscrita
e mil vezes maldita
por te amar tanto
Por ti fui amor e espanto
desejo e ternura
roca e fuso
de um tecido que só os meus dedos
em ti reconhecem
Por ti evoquei esperanças
que não tinha
e emudeci palavras
que tinha guardadas em mim
apenas para a ti dizer
E é por tudo isto
que por ti me abandonei aos dias
e sulco o chão palmo a palmo
Porque se a terra que piso
é inesquecível e mapeável
no meu corpo
tu também o és....
hoje e agora mais que nunca!