sábado, 16 de junho de 2018

Bebo dessa tua saudade
que ainda arde
que ainda queima
e dói
por tudo o que poderia ter sido
por tudo o que não foi
Bebo desse amor
que ainda floresce
que ainda transparece
em cada gesto
em cada silêncio
em cada baixar de olhos
como se as coisas fossem todas
assim tão simples de serem ditas
Mãos frias estas minhas
que se aquecem a cada lembrança tua
como pequenas covardias
a que me permito
sempre que respiro

sexta-feira, 18 de maio de 2018

No cair da noite que me entorpece
no corpo que é teu e o meu não esquece
nesse fogo lento em que cozinho
esse sentimento tão lindo e tão sozinho
é que eu me pergunto 
como quem não cala e espera uma resposta:
onde estão os teus olhos que me amaram?
e a pele que me adorava?
onde está a saudade
quando eu não estáva
e dos ventos mais fortes
que me assolam
quando mais fortes não há
sobra aquela areia fina entre os dedos
de quem deixou passar a felicidade por um milésimo de segundo!
Pena de não te ter conseguido guardar....
Vim apenas lembrar-te 
que continuas aqui
do lado esquerdo do peito
vivendo por dentro e por fora de mim
e em toda a minha volta também...
Nas horas que roubo ao tempo
em que consigo por milésimos de segundo
enganar o percurso normal dos ponteiros
pergunto-me onde foi que as minhas horas
se perderam dos teus minutos
em que portal do tempo deixamos presas as vidas passadas
que não conseguimos viver no futuro
e solta-se em mim um beijo
que nenhum tempo arrasta para alem
daquele em que dura um suspiro
Como não lembrar-te
se até os silêncios são feitos com palavras tuas?
O tempo passa em redor
por fora como um vento demolidor
mas por dentro não te apaga
por mais que passe
por mais que doa

domingo, 13 de maio de 2018

Não querendo ser o que já fui
não querendo repetir o que já disse
por mais que aos olhos me acudisse
tamanha desilusão
Não querendo ser o barco de papel
navegando na tua pele
sem destino
nem ficar aquém do teu sorriso
amargo fel
que me condiciona
a calar o que tenho na vontade
de gritar
a tomar comigo mesma o compromisso
de calar a saudade
num aprisionado grito
que me dilacera inteira....